Uma das coisas que mais me incomoda no mundo do trabalho é a falta de tempo. Passamos 2/3 de nossas vidas trabalhando que nem mulas, que nem escravos brucutus dando 5 milhões de cliques em mouse e teclado como um macaco moderno. A vida é bela mesmo né, workaholics e playboys idiotas?
Para ilustrar como não se tem tempo pra nada, resolvi ilustrar como é meu dia podre de trabalho. Me acompanhem como em uma câmera na minha cabeça feia como é meu dia.
06:00 – Acorda escravo. Acorda seu nojento. É assim que meu despertador do meu maravilhoso celular de 60 reais me acorda. O efeito de acordar cedo em mim é nefasto. Odeio acordar cedo, pior se é pra ir pro abatedouro. Falo com meu cérebro para desistir dessa vida, para pegar atestado, mas acabo me levantando com muita tristeza e ódio da vida. Mau humor nas alturas.
06:05 ás 06:40 – Escova dentes, banho, barba idiota, roupa idiota, gravata idiota, sapato idiota, cueca idiota, café da manhã idiota.
07:00 – Pegar ônibus. Esperar no meio do povão chegar este meio de transporte pútrido O cheiro de depressão de todos se mistura ao meu. Ei, tá chovendo? Então vamos com o povão dançar “singing in the rain” pois os carros passaram na poça. Vem comigo galera. Opa, o ônibus tá cheio e não parou pra nos pegar? Vamos competir em xingamentos e porradas na traseira do ônibus.
07:40 – Após andar que nem uma sardinha no meio da galera, já fedendo de ódio, raiva, dando lugar pros velhinhos que sustentamos via INSS, chega-se ao trabalho.
08:00 – A vontade de a cada bom dia mandar todo mundo a merda é enorme, mas eu resmungo bom dias. Sentar na cadeira. Ligar computador. Torcer pros coordenadores e gerentes de merda chegarem atrasado pois talvez estivessem dando umazinha matinal com suas esposas. Ou levando os fedelhos pro colégio.
09:00 – Começam os chefes idiotas a chegarem. Eles vão pra sala, entram no globo.com. Ufa, estou seguro. Vou produzindo o que tiver.
09:45 – Chefes depois de curtirem a internet ficam com dor na consciência e começam a ficar em cima da galera. ISTO ESTÁ PRONTO? FULANO VEM AQUI. CADÊ ISSO? JÁ FEZ ISSO? Sou chamado vários vezes. Vários pedidos idiotas. Faça tudo pobretão, anda, vagabundo. Pra amanhã. A dor no coração de ódio é grande. Droga.
12:00 – Após um monte de pedidos babacas, missões impossíveis, enxeções de saco, e-mails não respondidos, dependências de outras áreas que não fazem porra nenhuma, é hora de comer. Tento sair correndo para não ser pego em reuniões. Como um ninja, sou o primeiro a chegar no elevador. Já vi direto casos do gerente dizer pro funcionário “Vai comer já? Não fica aqui fazendo comigo muito cedo pra comer”. Legal, agora estes canalhas ditam quando o funcionário pode comer ou não. Soco a parede. Na minha mente é claro.
13:15 – Depois de aguentar papos maravilhosos com seus colegas super interessantes, em que todo dia é a mesma coisa, eles se empaturrando de sushis ficando pançudos, eu contemplo a rua e o sol pedindo a deus que ganhe na loteria. Todo dia.
14:00 – 15:00 – Chefes idiotas comendo com suas esposas idiotas só chegam mais tarde, e os que comem por perto da empresa já estão em suas salas pagando contas, resolvendo questões pessoais. Divertido ser chefe. Ele já “delegou” de manhã, agora deixa a galera produzir. Demoro a pegar no tranco. Cansado já. Quero ir embora. Meus colegas se enxem de café como se fosse cocaína. Pobres viciados. Ficam falantes, confiantes. Tudo ilusão da cafeína, a amiga de todo paulista workaholic conformista pançudo sem vida.
16:00 17:30 – É agora que o bixo come. Chefes e coordenadores ficam loucos com a chegada do fim do dia porque não fizeram nada. Começam todas as reuniões a desembocarem ao mesmo tempo. Tento ir ao banheiro com diarréia mas logo sou pego para reuniões idiotas. Não irei produzir mais nada. Como odeio reunião. Fico olhando aqueles caras que dominam a conversa, pedem coisas erradas, falam coisas erradas, sem foco, sem objetivo. Me escondo atrás do meu colega e xingo mentalmente a todos. Porque deus? Porque? Porque os chefes me torturam? Por favor satã, me deixe em paz.
17:30 – 19:00 – As demandas das reuniões fecham-se e entra a galera pra produzir. Desespero, tristeza. A noite cai. Olho pra rua. Já estou com o rosto oleoso de ódio. Meus olhos estuprados pelo computador. Tanta coisa inútil pra fazer. O dia inteiro mas logo agora antes de sair? Banco de horas? Hora extra? Não. Minha mão segura meu rosto clicando em coisas. Meu chefe está na sala. Se ele não vai embora ninguém vai. Cultura paulista maldita. Olho pro lado, todos fingem alegria. Mulher do meu lado. Olho pra ela. Casada. Pançuda. Rosto cansado. Sem tempo pro marido. Quando tiver filhos não terá mãe. Desgosto corre no meu rosto. Vontade de chorar por todos ali e por mim.
19:15 – Chefe foi embora, pessoal dá 5 minutos e todos correm pra ir embora. Corro pro ponto. Repete-se o processo de de manhã.
20:00 – 21:00 - Chego em casa. Olá mãe. Oi pai. Oi irmãs idiotas. Caio na cama. Comer. Tomar banho. Entro na internet. “Como foi seu dia de trabalho?” minha mãe pergunta. “Bom mãe, eu descobri a cura da Aids, do câncer, ajudei alguém. Brincadeira, fiz altos gráficos no excel que não será usado” eu respondo, com tom de voz de um morimbundo.
22:00 – Os olhos doem, o cansaço mental e físico é grande. Cultivar hobbie? Malhar? Hmm… Vou é dormir.
E nos meus sonhos eu imagino eu feliz, rindo, contente, com energia e alegria de viver, como um dia já fui e como eu verdadeiramente sou.
A vida é mesmo bela hein, workaholics e playboys?